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O que é bom saber antes de casar com um estrangeiro

Sei bem que ninguém gosta de conselho, mas cada vez tenho visto mais casos de casais de nacionalidades diferentes que terminam de forma bem traumática, então acredito que seja ainda mais importante considerar alguns pontos antes de tomar a decisão de deixar tudo para trás para viver uma história de amor (ou de conveniência).

 

- Sim, tem muita história de amor que começa e termina todos os dias, algumas mais ou menos traumáticas do que as outras, mas morando longe da família e amigos complica. Não dá para correr para o colo da mãe ou ir dormir na casa da melhor amiga em caso de problemas.

 

- O amor pode ser o mais importante em uma relação, mas eu sempre digo que só ele não é o suficiente. 

 

E a gente ama o outro pelo que ele realmente é, pelo que ele nos mostrou, ou ainda pelo que gostaríamos que ele fosse? Na verdade, um pouco de tudo, mas não raras vezes esse amor é baseado no "engano". A pessoa vem com um discurso com o qual a gente se identifica, mas com o tempo a gente descobre que era tudo da boca para fora, ou nem era verdade, ou vai ver que ele muda com o tempo.

Como se proteger? Conversar, conversar e conversar sobre vários assuntos. E querem saber? Quando existe um limite muito grande na comunicação (pessoas que não falam a mesma língua), é bem mais difícil fazer as boas perguntas e bem fácil de se enganar.

Pode parecer bobagem?  Quando você "ama" e para você fidelidade é fundamental, a vida será muito difícil se o outro acha que fidelidade (a dele) não existe em um relacionamento...

Ou você conheceu o seu companheiro em uma situação de infidelidade? Ele ficou com você quando ainda estava comprometido? As chances são de que ele repita esse comportamento no futuro...

Ele tem 45 anos, nunca foi casado nem morou com ninguém... será que ele pode se adaptar a uma vida à dois? Desde coisas simples como dar satisfação quando vai chegar mais tarde (até por medida de segurança).

 

- Você conhece realmente o outro?

Questão complexa, pois dizem que a gente nunca pode conhecer completamente o outro. Mas podemos ter indícios.

Hoje em dia com a internet fica fácil colocar um nome do google e descobrir algumas coisas.  Uma vez descobri que o homem com quem eu estata saindo era na verdade bem mais velho do que ele dizia... Ou então ele tinha se formado em medicina com 15 anos!!! Facebook também pode ser útil. Ele diz que vocês estão juntos e vão se casar, mas não coloca nenhuma foto de vocês juntos? Não mudou de status? O marido mulherengo de uma conhecida tem várias "amigas" facebook em fotos semi-nuas... Um tanto estranho...

Olha que já conheci tanta gente por aqui! Uma menina começou a apanhar do noivo e não podia sair de casa, até que um dia o convenceu que precisava visitar a familia no Brasil e nunca mais voltou, mas não são todas as mulheres que conseguem sair de uma relação patológica assim.

 

- Situação financeira:

No Brasil é considerado "chique" casar com um gringo. Dá status. Muita gente fica impressionada com o namorado que ganha 2500 euros por mês, já que convertendo dá quase 7500 reais. Por mais que seja um salário correto aqui na Europa, uma renda familiar desse valor aqui na França não permite pagar faxineira, manicure e cabelereiro toda semana... também não permite viajar para o Brasil todo ano... Se for o seu desejo de se tornar dona-de-casa, o salário do marido permite a vida que vocês dois gostariam de ter? Ele não se importa de ter uma mulher que não trabalha fora? Na França principalmente, o cidadão "médio" espera que a companheira trabalhe para ajudar nas despesas da casa e no alcance dos sonhos.

Ou você não tem nenhuma idéia do que ele ganha e como ele ganha a vida, se ele tem economias guardadas ou dívidas? Cuidado!

 

- Adaptação:

Muita gente acha lindo e romântico viver "no estrangeiro", mas nem tudo são rosas. Vai ser necessário se adaptar a tudo. Ao clima, ao modo de vida, à comida, às pessoas... O quanto você é capaz de se adaptar?

Algumas amigas nunca se adaptaram ao frio, ou a comida, ou ao povo a ponto de todos os dias ser um sofrimento.

 

- Domínio do idioma:

Fala-se que em 6 meses no novo país estará falando fluentemente o idioma. Quem dera fosse assim para todo mundo!!! Mas tudo depende do idioma, da facilidade (ou não) em aprendê-lo, do esforço dispensado... são tantos fatores! E já encontrei muita brasileira que mora aqui na França há quase 10 anos e que fala muito mal, sem contar que praticamente não escreve.

Além disso, quem já não gostava de estudar, de ler e tinha dificuldades na escola no Brasil, provavelmente terá ainda mais dificuldades nos seus estudos no exterior (em outra língua e com outras regras).

 

- Situação profissional:

Essa é uma das principais frustrações que tenho visto nas brasileiras casadas com estrangeiros. A dificuldade de adaptação (falta de confiança em si mesma), dificuldades com o idioma, experiência inadaptada à realidade do mercado de trabalho local e a crise econômica dificultam essa etapa. O quanto você é capaz de recomeçar de mais baixo, ou mesmo do zero? 

Eu tive a sorte de sempre gostar de muitas coisas e poderia ser feliz em muitas profissões. Já quis ser arqueóloga, professora de história, geografia, matemática, psicóloga, farmacêutica, engenheira, arquiteta, jornalista, geóloga, bibliotecária, etc. Mas conheço pessoas que só se imaginam felizes em uma determinada profissão e pronto (como um amigo que tentou 10 vezes vestibular para medicina). Uma menina, morando há alguns anos na França e nunca tendo conseguido emprego na sua área acabou largando o marido e voltando ao Brasil quando obteve uma proposta na sua área. No caso dela, a vontade de ser uma "profissional" e desenvolver a sua carreira foi mais forte do que o amor pelo marido e a vontade de fundar uma família.

Outras foram ficando em casa, no início "se adaptando", aprendendo a língua... e continuaram, ficam vendo a vida passar pela janela e o tempo passar. A gente se acostuma a não fazer nada e depois é ainda mais trabalhoso recomeçar.

 

- Família:

São poucos os maridos europeus que decidem viver com a esposa no Brasil, geralmente é a mulher que vem morar com ele na Europa. Nesse caso, é necessário ter em mente que você verá muito pouco a sua família, a não ser que tenham uma situação financeira muito privilegiada e que  não trabalhe para viajar diversas vezes por ano ao Brasil. Então provavelmente você não conseguirá estar presente em todas as situações de família como Natal, casamentos, aniversários, nascimentos, falecimentos, doenças...

 

- Filhos:

Eu tenho lá a minhas opiniões quanto a colocar filho no mundo sem pensar muito e para passar dificuldades. Porém isso acontece e nem sempre a gente pode prever e muitos casais se separam com filhos pequenos. Normal, quando é para o bem dos adultos e das crianças. Mas nesse tipo de casamento, na maioria das vezes, quando a mulher não está adaptada, acaba voltando ao Brasil. E como fica a criança nessa história? As brasileiras nesses casos pensam que o filho pertence à mãe e que o pai é uma mera fonte de ajuda financeira, e quanto mais distante melhor. Eu já acredito que uma criança precisa dos dois para se desenvolver, e os franceses, principalmente, estão cada vez mais participativos em todas as atividades do dia a dia da criança.

 

No início eu achava estranho que muitas francesas não amamentavam seus bebês, até que comecei a prestar mais atenção e ouvia sempre a mesma resposta: durante 9 meses elas estabeleceram uma relação única com o bebê da qual o pai estava excluído. Com a amamentação esse fenômeno persistiria, deixando muito pouco espaço ao pai. Então, no caso da mamadeira (não digo que eu concorde), o pai pode prepará-la e estabelecer uma ligação com a criança através da alimentação, o que de outra forma seria impossível ao pai. Além disso, o casal pode se revezar durante a noite.

Inclusive um colega de trabalho resolveu utilizar seu direito de uma licença paternidade de longa duração, mesmo perdendo uma parte muito significativa do rendimento, para acompanhar o desenvolvimento do filho!

Temos também muitos amigos divorciados e na maioria dos casos a guarda é compartilhada, tendência atualmente.

Vale lembrar que em alguns países, inclusive, como alguns países árabes, em caso de separação os filhos ficam com o pai e a mãe não tem praticamente nenhum direito... Incidente diplomático na certa e muito difícil de resolver.

 

Ninguém casa pensando em se separar, mas é bom ter em mente que a guarda dos filhos não vem automaticamente para a mãe, ainda mais se ela não apresentar condições financeiras, psicológicas e sociais (adaptação, integração, idioma, etc.) conformes ao que se espera de um responsável.

 

Ou seja, criança é assunto muito sério e na minha opinião, melhor pensar muito. Bom seria que a relação entre o casal seja sólida, baseada no respeito e em objetivos comuns.

 

Estraído do site http://viverplenamenteparis.blogspot.com.br/2013/05/o-que-e-bom-saber-antes-de-casar-com-um.html, acesso em 07.01.2015

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